Cresce preocupação em Berlim com contratação de ex-pilotos da força aérea alemã pela China

admin Junho 03, 2023

O ministro da Defesa da Alemanha pediu a Pequim, neste sábado (3), que pare de recrutar ex-membros da força aérea alemã – Luftwaffe – para treinar seus próprios pilotos na China. O governo alemão teme que informações confidenciais da Otan, a aliança militar ocidental, possam ser reveladas aos chineses. A descoberta dessas contratações surpreendeu a opinião pública na Alemanha e recebeu críticas na imprensa local. O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, teve uma discussão sobre essa prática suspeita com o colega de pasta chinês, Li Shangfu Li, à margem de uma conferência de defesa e segurança realizada neste fim de semana em Singapura. "Deixei claro que esperava que essa prática parasse imediatamente e disse a ele que provavelmente ele mesmo não ficaria muito feliz se eu tentasse fazer a mesma coisa", acrescentou Pistorius, de acordo com declarações divulgadas à imprensa por seu ministério. O ministro chinês "não negou o fato, mas, do seu ponto de vista, relativizou a importância" do caso, acrescentou o alemão. A revista semanal Der Spiegel e o canal público de televisão ZDF revelaram na sexta-feira (2) que vários ex-pilotos da força aérea alemã foram recrutados durante vários anos pela China para treinar seus próprios pilotos. Há indícios de que os salários pagos pelos chineses aos pilotos alemães transitavam por empresas-fantasmas sediadas nas Ilhas Seychelles. Alguns militares foram recrutados por uma empresa criada por um membro do serviço secreto chinês. De acordo com a imprensa alemã, o caso preocupa há várias semanas o comitê de supervisão dos serviços secretos da Câmara dos Deputados da Alemanha. "Estamos preocupados com o fato de que os militares, tendo trabalhado para o Estado alemão, possam ter empregos que os levem a trair segredos de Estado", disse o presidente do comitê, Konstantin von Notz, ao canal ZDF. Os militares alemães envolvidos no escândalo eram pilotos de caças Eurofighter e participaram de exercícios da Otan. Por esta razão, Berlim teme que os segredos operacionais e táticos da Aliança Atlântica Ocidental possam ser revelados à China. Investigação O Ministério da Defesa alemão planeja abrir uma investigação sobre essas contratações opacas, revelou a emissora ZDF. Casos semelhantes vieram à tona, nos últimos anos, no Reino Unido e nos Estados Unidos. O que parece ser uma prática recorrente de Pequim torna-se ainda mais sensível em um momento em que as tensões entre a China e Taiwan aumentaram muito nos últimos meses. Os Estados Unidos e a União Europeia apoiam a independência de Taiwan, uma ilha que Pequim considera como parte da China continental e planeja recuperá-la. Desde o fim da guerra civil chinesa em 1949, a China considera Taiwan como uma província que ainda não conseguiu reunificar com o restante de seu território. Nos últimos meses, Pequim intensificou suas incursões militares ao redor da ilha, mobilizando suas Forças Armadas para um possível enfrentamento no estreito de Taiwan, ameaça que desencadeou advertências dos Estados Unidos. Fonte: © REUTERS - Francois Lenoir

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